quinta-feira, 27 de setembro de 2012

O DISCURSO DE ANÍSIO AO SAIR DA CADEIA



Ouvi atentamente o discurso proferido pelo atual prefeito Anísio Anatólio Soares, em seu primeiro evento eleitoral, após sair da cadeia.

Com relação ao encontro do empresário com o corretor em imobiliária aqui no município, com autorização do delegado, "pé de chinelo", o atual prefeito deve estar sofrendo de complexo de perseguição. Esse tipo de paranóia é normal quando se tem muito a perder. A paranóia (razão lateral, segundo a etimologia), de acordo com os grandes psiquiatras, é a lucidez apodrecida.

O mesmo afirmou que para aprovar projetos na prefeitura, tem que passar pela avaliação de engenheiros e arquitetos da prefeitura, e independe da vontade do prefeito. Já que a consulta de viabilidade é coisa séria, avaliada por engenheiro ou arquiteto, tem que demitir esse profissional, em virtude da obra, que o próprio prefeito, está construindo na Armação da Piedade...

Em seu discurso, Anísio fala em Deus e que Deus estava lhe protegendo, será? . A prisão mostrou muito bem que Deus desaprova a atitude de cobrar propina. Será que Anísio pensava que poderia dar uma rasteira até em Deus?

Anísio falou sobre a famiglia* instalada na prefeitura. Como podemos ver, realmente, a famiglia* de anísio está instalada lá, mas agora além da famiglia* dele, vai ter também mais outras famiglias* para se beneficiar dos recursos municipais.

Anísio diz que Juliano Duarte Campos deve ser investigado", em seu esforço de campanha. Juliano já vem sendo investigado há oito anos, desde o primeiro embate eleitoral em 2004, e nada foi provado . E na primeira investigação em que foi submetido, Anísio já foi em cana...

Com os ataques de Anísio, e sua reputação como propineiro, Juliano Duarte Campos corre sério risco de alcançar 100% dos votos em Governador Celso Ramos.

A prisão de Anísio é que ficará na História. O resto não passará de uma nota de pé de página, se merecer tanto. Principalmente o discurso vazio, carregado de interesses particular...

Com o seu discurso, pra farsa dar certo teríamos que:
1. acreditar no Alcemir
2. acreditar no Marcelo
3. acreditar no Anísio. Não dá né, pessoal!

*Famiglia - Máfia em italiano - É uma organização criminosa cujas atividades estão submetidas a uma direção colegial oculta e que repousa numa estratégia de infiltração da sociedade civil e das instituições. Pode-se também falar de sistema mafioso. Os membros são chamados mafiosos.
Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/M%C3%A1fia

REQUIÃO DEFENDE LULA E DENUNCIA PRECONCEITO DE CLASSE “Quando digo oposição, o que menos conta são os partidos da minoria. O que mais conta é a mídia”, disse o senador.

Não costumo assinar manifestos, abaixo-assinados ou participar de correntes. Mas quero registrar aqui minha solidariedade a Luís Inácio Lula da Silva, por duas vezes presidente do Brasil. 

Diante de tanto oportunismo, irresponsabilidade, ciumeira e ressentimento não é possível que se cale, que se furte a um gesto de companheirismo em direção ao presidente Lula. Sim, de companheirismo, que pouco e me dá o deboche do sociólogo. 

A oposição não perdoa, e jamais desculpará a ascensão do retirante nordestino à Presidência da República. 

A ascensão do metalúrgico talvez ela aceitasse, mas não a do pau-de-arara. Este, não!

Uma ressalva. Quando digo oposição, o que menos conta são os partidos da minoria. O que mais conta, o que pesa mesmo, o que é significante, é a mídia, aquele seleto grupo de dez  jornais, televisões, revistas e rádios que consome mais de 80 por cento das verbas estatais de propaganda. Aquele finíssimo, distintíssimo grupo de meios de comunicação “que está fazendo de fato a posição oposicionista deste país, já que a oposição está profundamente fragilizada”, como resumiu com a sinceridade e a desenvoltura de quem sabe e manda, a senhora Maria Judith Brito, presidente da Associação Nacional dos Jornais. 

Este conjunto de articulistas e blogueiros desfrutáveis que faz a “posição oposicionista” nos meios de comunicação usa uma entrevista que não houve para, mais uma vez, tentar indigitar o ex-presidente. Primeiro, tivemos o famosíssimo grampo sem áudio. Mais hilário ainda: a transcrição do áudio inexistente mostrava-se extremamente favorável aos grampeados. Um grampo a favor. E sem áudio.

Lembram? 

Houve até quem quisesse o impeachment de Lula pelo grampo sem áudio e a favor dos grampeados, houve até quem ameaçasse bater no presidente. 

Agora, este mesmo conjunto de jornais, rádios, televisões e revistas, esses mesmos patéticos articulistas e blogueiros querem que se processe o ex-presidente. Não me expresso bem: não querem processá-lo.  Querem condená-lo, pois como a Rainha de Copas, de Lewis Carol, primeiro a forca, depois o julgamento. 

Recomendaria a vossas excelências que tapassem o nariz, não fizessem conta dos solecismos, da pobreza vocabular, das ofensas à regência verbal e lessem o que escreve esse exclusivíssimo clube de eternos vigilantes. 

Os mais velhos de nós, os que acompanharam o dia-a-dia do país antes do golpe de 64, vão encontrar assustadores pontos de contato entre o jornalismo e o colunismo político daquela época com o jornalismo e o colunismo político dos dias de hoje. Embora, diga-se, os corvos de outrora crocitassem com mais elegância que os grasnadores de agora.

Fui governador do Paraná nos oito anos em que Lula presidiu o Brasil. Por diversas vezes, inúmeras vezes, manifestei discordância com a forma de sua excelência governar, com suas decisões ou indecisões. Especialmente em relação à política econômica, à submissão do país ao capitalismo financeiro, aos rentistas. 

Mas havia um Meireles no meio do caminho. No meio do caminho, para gáudio da oposição e para a desgraça do país, havia um Meireles. 

É verdade que Lula acendeu uma vela também para os pobres. E não foi pouco o que ele fez. É preciso ter entranhados na alma o preconceito, a insensibilidade e a impiedade de nossas elites para não se louvar o que ele fez pela nossa gente humilde. Na verdade, no fundo da alma escravocrata de nossas elites mora o despeito com a atenção dada aos mais pobres por Lula.

Apenas corações empedrados por privilégios de classe, apenas almas endurecidas  pelos séculos e séculos de mandonismo, de autoritarismo, de prepotência e de desprezo pelos trabalhadores podem explicar esse combate contínuo aos programas de inclusão das camadas mais pobres dos brasileiros ao maravilhoso mundo do consumo de três refeições por dia.

A oposição –somem-se sempre a mídia com a minoria, mas o comando é da mídia-  também não perdoa Lula porque ele sempre a surpreendeu, frustrou suas apostas, fez com que ela quebrasse a cara seguidamente.

Foi assim em 2002, quando ele se elegeu; foi assim em 2006, quando se reelegeu; foi assim na crise de 2008, quando ele não seguiu as receitas daqueles gênios que quebraram o Brasil três vezes, entre 1995 e 2002,  e impediu que a crise financeira mundial levasse também o nosso país de roldão. E, finalmente, foi assim em 2010, quando elegeu Dilma como sucessora.

O desempenho da oposição –isto é, mídia e minoria, sob o comando da mídia- na crise de 2008 foi impagável. Caso alguém queira se divertir é só acessar um vídeo que corre aí pela internet com uma seleção de opiniões dos  economistas preferidos dos telejornais, todos recomendando a Lula rigor fiscal extremo, austeridade  e ascetismo dos padres do deserto; corte nos gastos sociais, cortes nos investimentos, elevação dos juros, elevação do depósito compulsório, congelamento do salário mínimo, contenção dos reajustes salarial, flexibilização dos leis trabalhistas, diminuindo direitos dos assalariados.

Enfim, recomendavam, como sempre aconselham, atar os trabalhadores ao pelourinho, tirar-lhes o couro, para  que os bancos, os rentistas, o capital vadio restassem incólumes e seus privilégios protegidos. Receitavam para o Brasil o que a troika da União Européia enfia goela abaixo da Grécia, da Espanha, da Itália, de Portugal. 

Lula não fez nada do que aqueles doutores prescreviam. Em um dos vídeos, um desses sapientíssimos senhores ridicularizava os conhecimentos macroeconômicos do presidente, prevendo que o “populismo” e o “espontaneísmo” de Lula levariam o Brasil ao desastre. Pois é.

A acusação mais frequente que se fazia, e se faz, a  Lula é a de ser “populista”. A mesmíssima acusação feita a Getúlio quando criou a CLT, o salário mínimo, as férias e descanso remunerados, a previdência social;  a mesmíssima acusação feita a João Goulart quando deu aumento de cem por cento ao salário mínimo ou quando sancionou a lei instituindo o 13° salário ou quando criou a Sunab; ou quando desencadeou a campanha das reformas; a mesmíssima acusação feita a Juscelino quando ele decidiu enfrentar o FMI e suas infamantes condições para liberação de financiamento.

Qualquer coisa que beneficie os trabalhadores, que dê um sopro de vida e de esperança aos mais pobres, que compense minimamente os deserdados e humilhados, qualquer coisa, por modesta que seja que cutuque os privilégios da casa grande, qualquer coisa, é imediatamente classificada como “populismo”. 

Outra coisa que a oposição não perdoa em Lula é sua projeção internacional. Quanto ciúme, meu Deus! Quanto despeito! Quanta dor de cotovelo!  A nossa bem postada, e sempre constispadinha elite, jamais aceitou ver o país representado por um pau-de-arara. Ainda mais que não fala inglês. Oh, horror!

Divergi de Lula inúmeras vezes. Quase sempre em relação à econômica. Com a popularidade que tinha, com o respeito que conquistara, com a força de seu carisma poderia ter feito movimentos consistentes que nos levassem a romper com os fundamentos liberais que orientavam -e orientam-  a política econômica brasileira.

E que mantinham – e mantém- o país dependente, atrasado, em processo veloz de desindustrialização.  

Pior, as circunstâncias favoráveis do comércio mundial valorizaram ainda mais o nosso papel de produtores e exportadores de commodities, criando uma “zona de conforto” que desarmou os ânimos e enfraqueceu os discursos de quem lutava por mudanças.

Outra divergência que me agastou com Lula foi em relação à mídia. Era mais do que claro que a lua-de-mel inicial com a chamada “grande imprensa” seria sucedida pela mais impiedosa e, em se tratando de um pau-de-arara, pela mais desrespeitosa oposição.

Em breve tempo, as sete irmãs que dominam a opinião pública nacional cobrariam caro, caríssimo o período em que fora obrigada a engolir o sapo barbudo. O troco viria na primeira crise.

Conversei sobre isso com o presidente, que procurou me aquietar e recomendou-me que falasse com um de seus ministros que, segundo ele, cuidava desse assunto. E o ministro me disse: “Por que criar um sistema público de comunicação, por que apoiar as rádios e a imprensa regional se temos a nossa televisão? A Globo é a nossa televisão”, disse-me o então poderoso e esfuziante ministro.

Pois é. 

Quando busco paralelo entre esta campanha de tentativa de destruição de Lula e as campanhas de destruição de Getúlio e Jango, não posso deixar de notar que eles, pelo menos, tinham um jornal de circulação nacional e uma rádio pública também de alcance nacional para defendê-los. Hoje, que temos? 

E o que entristece é que essa campanha atinge Lula quando ele se encontra duplamente fragilizado. Fragilizado pela doença, que lhe rouba um de seus dons mais notáveis: a sua voz, a sua palavra, seu poder de comunicação. Fragilizado pelo espetáculo mediático em que se transformou o julgamento do tal mensalão. 

Se algum respeito, se alguma condescendência ainda havia para com esse  pau-de-arara,  foi tudo pelo ralo, pelo esgoto em que costumam chafurdar historicamente os nossos meios de comunicação. 

Não sejamos ingênuos de pedir ou exigir compostura da mídia. Não faz parte de seus usos e costumes. Sua impiedade, sua crueldade programada pelos interesses de classe não estabelece limites. 

Não é apenas o ex-presidente que é desrespeitado de forma baixa, grosseira. A presidente Dilma também. Por vários dias, a nossa gloriosa grande mídia deu enorme destaque às peripécias de uma pobre mulher, certamente drogada, certamente alcoolizada, certamente deficiente mental que teria tentado invadir o Palácio do Planalto, dizendo-se “marido” da presidente.

Sem qualquer pudor, sem o menor traço de respeito humano, a Folha de São Paulo, especialmente, transformou a infeliz em personagem, em celebridade. Chegou até mesmo a destacar um repórter para “entrevistar” a mãe da tal mulher. Meu Deus!

Às vésperas do golpe de 1964, o desrespeito da grande mídia para com o presidente João Goulart e sua mulher Maria Teresa chegou ao ponto de o mais famoso colunista social do país à época publicar uma nota dizendo que na Granja do Torto florescia uma trepadeira. Torto, como referência ao defeito físico do presidente; trepadeira, como referência caluniosa à primeira-dama do país.

Alguma diferença entre um desrespeito e outro?

Esse tipo de baixeza não se vê quando os presidentes são do agrado da grande mídia, quando os presidentes frequentam os mesmos clubes que os nossos guardiões dos bons costumes. 

Nem que tenham, supostamente, filhos fora do casamento, que disso a mídia acha uma baixeza tratar.

Pois é.   http://www.youtube.com/watch?v=EzmFX_WIvJk&feature=player_embedded

domingo, 9 de setembro de 2012

Como estudar: ensine seu cérebro a se concentrar


Se mesmo com toda a preparação do mundo seus pensamentos continuam bem longe da matéria que você precisa estudar e está difícil focar no mesmo texto ou exercício, dê uma olhada nestas três técnicas. Você pode usá-las separadamente, ou fazer um combinado para ajudar seu cérebro a se concentrar. Sim, é possível treinar o cérebro para focar numa única tarefa por mais tempo, do mesmo jeito que se pode treinar o corpo para fazer musculação, aprender capoeira, dançar ou correr uma maratona.
Técnica do Intervalo
Se está difícil de se concentrar, forçar a barra para passar horas e horas diante dos livros não ajuda em nada. Se a ideia é começar a treinar seu cérebro para tirar o melhor proveito das suas horas de estudo, vale começar aos poucos.
A Técnica Pomodoro, inventada em 1980 por Francesco Cirillo, é um método de gerenciamento do tempo. A ideia é simples: usar um timer para marcar pequenos períodos de produtividade. Você pode usar um daqueles timers de cozinha, qualquer relógio ou mesmo o seu celular. O método recomenda 25 minutos de concentração, mas você pode chegar lá aos poucos.
Antes de iniciar sua tarefa, lista de exercícios ou leitura, programe o alarme para um tempo curto, digamos, 10 minutos. Ao fim desse intervalo, faça uma pausa de dois minutos. Repita até completar quatro ciclos e faça uma pausa maior. Vá aumentando o tempo de concentração aos poucos, de cinco em cinco minutos, até alcançar o período ideal para você.
Olá leitores do Canal do Ensino,
Deixar o celular longe, reunir o material de estudo de forma organizada, desligar a TV, sair da Internet, deixarágua e algum lanche por perto, ficar sozinho e seguir um bom planejamento ajudam a melhorar o rendimento quando você precisa estudar, mas… cadê a concentração?

Só mais cinco…
Não, não são aqueles “só mais cinco minutinhos” quando o despertador toca de manhã cedo. É uma técnica para resistir à vontade de largar tudo que bate diante de uma tarefa extensa ou aborrecida demais. É uma boa maneira de lidar com o desânimo que dá, por exemplo, quando aqueles 20 exercícios de Química parecem uma barreira intransponível, ou quando o livro não está nem na metade e você já pensa em desistir.
O objetivo aqui, em vez de largar tudo e sair correndo, é dizer a si mesmo que você vai fazer só mais cinco coisas antes de desistir. Podem ser mais cinco exercícios, cinco questões daquela prova do vestibular anterior, cinco páginas do texto, cinco parágrafos do livro obrigatório, ou mesmo cinco linhas! Quando acabar, do mesmo jeito que você aperta o botão do despertador pra dormir mais cinco minutinhos, fale pra si mesmo: “só mais cinco”.
Ao quebrar a tarefa “de cinco em cinco”, você vai aguentá-la por mais tempo e, quem sabe, até cumprir o objetivo sem muito sofrimento.
Meditação Instantânea
Às vezes, o que atrapalha é a ansiedade ("Tem muita matéria pra estudar, não vou dar conta!"), ou um problema qualquer que não tem nada a ver com o estudo. Nesses momentos, é importante deixar a mente livre de preocupações para que o tempo de estudo que você separou seja o mais produtivo possível.
Esta técnica de meditação pode ser aplicada em qualquer hora, em qualquer lugar. Vale para quando você precisa se concentrar nos estudos, mas também ajuda a baixar a ansiedade hora da prova. 

O VENDIDO Arnaldo Jabor: um serrista histérico


Por Miguel do Rosário

Já lhes expliquei que meu trabalho é esse: analisar a mídia. Até gostaria de escrever aqui sobre a Cidade Antiga, de Fustel de Coulanges, clássico que ora leio sobre os hábitos, cultura e revoluções em Roma e Atenas. Mas a vida é dura e eu tenho de ler e analisar a coluna do Arnaldo Jabor.

Depois do blogueiro da Veja declarar seu voto em Serra, agora é a vez do colunista da Globo prestar continência. Deixemos o chapeleiro doido pra lá. O Cafezinho ainda não tem verba para adquirir roupas antiradioativas que o permitam explorar o lixo atômico da Abril.


Do Jabor, porém, não dá para escapar. Ele joga nas onze: faz comentário na CBN, no Jornal da Globo, escreve coluna pro Globo e Estadão. Enfim, analista de mídia é como operário em fábrica de sardinha. Ou se acostuma ao cheiro, ou se demite.

A manifestação de Jabor (assim como a de Reinaldo) mostra o grau de tensão e perplexidade no ninho tucano diante da possibilidade de derrota de José Serra nas eleições municipais de São Paulo. Jabor não é sutil: ataca pesadamente Russomano, o lulismo, e entoa loas descaradas à José Serra. Todos unidos em prol da mesma causa. Que lindo.

Até aí tudo bem. Liberdade de imprensa é pra isso mesmo: assegura o direito de obedecer cegamente aos ditames ideológicos de seus chefes.

Não julgo Jabor, nem sua opção política, partidária e ideológica. O ponto que eu gostaria de abordar é a sua convicção de que possui expertise eleitoral acima dos profissionais que assessoram o PSDB. Essa convicção adquire ares de delírio quando se percebe que ela cresce à medida em que os candidatos apoiados pela mídia acumulam derrotas. Ou seja, quanto mais perde eleições, mais a mídia se considera vencedora. Isso me interessa porque oferece uma interseção entre análise de mídia e análise política.

Analisemos esse trecho do artigo de Jabor:

*****

Mas Serra também errou. Tudo começou em 2002 quando, diante de meus pobres olhos perplexos, Serra não defendeu o governo de FHC diante dos ataques de Lula no debate. Eu vi a cara do Lula quando percebeu que a intenção do adversário era “não” defender o excelente governo que acabara com a inflação, fez reformas etc… Por estratégia (quem foi a besta que inventou isso?) ninguém podia defender os grandes feitos que o PSDB tinha conseguido… Lula, espertíssimo, deitou e rolou nesse equívoco imperdoável, inesquecível, que começou a derrotar o próprio Serra e o tucanato por tabela. Nunca entenderei isso. Como não demitiram o chefe da campanha e deixaram-no persistir nos erros até hoje? Serra acreditou no marketing em vez de crer em si mesmo e em sua verdade.

*****

Jabor omite um fator básico. Os estrategistas de Serra esconderam FHC por uma razão simples. O ex-presidente havia se tornado extremamente impopular. O “excelente governo” terminava com desemprego alto, dívida pública descontrolada, carga tributária dez a quinze pontos superior ao início da gestão, serviços públicos desmantelados.

O colunista vai mais longe e pede uma “demissão” retroativa do marketeiro da campanha do Serra em 2002. Ou seja, Lula não ganhou porque o povo se identificou com suas propostas. Lula ganhou porque o marketeiro do Serra não seguiu os conselhos de Arnaldo Jabor.

Em seguida, Jabor afirma que a solução para salvar a campanha de Serra é trazer FHC:

*****

Teria de assumir isso, enquanto é tempo. Tem de superar seu complexo de Édipo e chamar FHC para a campanha (o que não fizeram até agora), tem de mostrar com clareza, com imagens, o importantíssimo trabalho que fez como ministro da Saúde, e não ficar dando sorrisinhos de Papai Noel na TV. O eleitor respeita gente sincera, cortante, corajosa. Ele tem de mostrar as aventuras populistas e falar das acusações que pesam sobre o Russomano, como as supostas ações de falsidade ideológica, a acusação de seu uso indevido da advocacia, seu suposto envolvimento com o Cachoeira.

E mais: ele errou ao subestimar o papelucho que assinou na TV dizendo que não abandonaria a prefeitura. O povo não perdoa o descaso com que tratou o ridículo juramento. Ele tinha, sim, de chamar testemunhas, até religiosos e juristas e, fazendo um pouco o jogo do populismo “midiático”, jurar solenemente diante de todos que jamais largará a prefeitura.

Serra tinha de cumprir sua melhor promessa, quando se lançou em 2010: “Se vierem com mentiras, responderei com verdades”.

*****

Aí se interligam, como eu aventei acima, análises de mídia e da política. A fórmula do sucesso que Jabor oferece ao PSDB é, paradoxalmente, justamente aquilo que vem fazendo os tucanos perderem tanto: superestimar a inteligência política dos medalhões da mídia. Ao invés de trocarem ideias e experiência nas ruas, com o povo, o PSDB tenta ler a realidade no mundinho fantasioso da mídia corporativa.

Eu já presenciei, várias vezes, casos de delírio profundo entre pessoas mentalmente saudáveis, porque acreditam mais na mídia do que na realidade. Lembro que quando começaram a pipocar pesquisas mostrando a recuperação meteórica da popularidade de Lula, o Globo vivia repleto de missivistas dizendo que “não acreditavam nessas pesquisas porque não conheciam ninguém que gostava de Lula”. Na verdade, a mídia cultivou bolsões de antilulismo, justamente nas áreas mais nobres das grandes cidades. No caso do Rio, a zona sul carioca.

Não vejo nada demais no antilulismo em si. As pessoas tem o direito de não gostarem de Lula, ou mesmo de odiarem Lula. Faz parte da democracia. O que sempre me espantou foi o descolamento da realidade. Confundir o mundinho fechado e sectário de jornalistas, socialites e empresários conservadores com a pluralidade anárquica e imprevisível do povo brasileiro!

Serra está perdendo voto em São Paulo não por causa da incompetência de seus marketeiros. Jabor inicia seu artigo dizendo que se vende candidato como se vende margarina. Não é bem assim. Possivelmente muitas ferramentas do marketing político coincidem com aquelas da publicidade comercial, mas o produto oferecido é totalmente distinto. A comparação é um clichê neolacerdista para desmerecer a política.

Ninguém conseguirá vender bem o candidato tucano porque ele está queimado junto ao eleitor. Alguém poderia lembrar ao Jabor do livro Privataria Tucana, protagonizado por José Serra. Alguém poderia lembrar Jabor das baixarias da campanha de 2010.

Aí o colunista envereda por um raciocínio contraditório. Diz que Serra subestimou “o papelucho” que assinou, comprometendo-se a permanecer na prefeitura por todo o mandato. Mas ao usar o termo “papelucho”, é o próprio Jabor que o subestima. Afinal, não importa a qualidade do papel, e sim o compromisso do candidato. O que vale é a assinatura e a palavra dada, e não se é um papel timbrado em ouro, com o carimbo do Papa. E a sugestão de Jabor, de que Serra chame juristas, religiosos e testemunhas, apenas para firmar um compromisso tão básico como ficar até o fim da gestão, indica que o candidato é tão desacreditado que é preciso trazer o circo inteiro para que seja dado crédito à palavra do palhaço.

As “sugestões” de Jabor revelam, a meu ver:

* Desespero diante da derrota de Serra, o que poderia pôr em risco a hegemonia tucana também no governo do Estado.
* Arrogância infinita, como se ele, Jabor, entendesse alguma coisa de marketing político e eleitoral.
* Falta de entendimento do processo democrático: não são os marketeiros que escondem FHC. É o povo que não gosta de FHC porque o associa ao ambiente recessivo e sem esperança que vivemos na era tucana.

Tivemos ainda, no domingo, mais um artigo udenista de Fernando Henrique Cardoso. Dessa vez, porém, ele recebeu o troco de quem menos esperava. A própria Dilma Rousseff.

A estratégia do PSDB, de fazer oposição ao ex-presidente em vez de fazê-lo à atual gestão, afigura-se insensata, confusa e covarde. Visa apenas disseminar desinformação na opinão pública, jogando com a sua escassa memória. A reação da presidente, todavia, chamando a briga para si, bota os pingos nos is. Se quiserem fazer oposição ao PT, façam ao governo atual.


Sintonia Fina