terça-feira, 19 de março de 2013

Contra desigualdade vale aliança até com o capeta


Dia desses desfrutei de jantar com um dos maiores jornalistas que conheço, um humanista, dotado de cultura e vivência enormes, um idealista sobre quem mais não falo porque sua identidade não importa, mas, sim, o que pensa. E o que pensa, particularmente sobre este que escreve, ilustra um fenômeno da ideologia política brasileira: a falta de foco.
Vale dizer que ao menos essa pessoa tem o mérito de acreditar no que diz, ao contrário de muitos que dizem a mesma coisa sem acreditar em uma palavra.
Fui criticado por ser “muito governista”, como se apoiar um projeto político como o do PT para o país fosse crime ou, na melhor das hipóteses, uma conduta ilógica em um país em que a esmagadora maioria apóia o governo com fervor.
O coração dessa pessoa, vale explicar, balança entre o PT e o PSOL – ao menos no discurso.
O que mais me espanta quando a direita e uma suposta “esquerda” atacam o que chamam de “governismo” é a distância que essa gente mantém em relação à realidade de grande parte do povo brasileiro, que, por séculos, permaneceu alijado da menor expectativa de vencer na vida no país que, ao longo do século XX, ostentou o título desonroso de ser o país virtualmente mais desigual do mundo.
Assim foi até que Lula chegasse ao poder. O Brasil era o terceiro ou o quarto país em pior colocação no índice de Gini, escala pela qual a comunidade das nações mede a concentração de renda nos países e que, em geral, é desconhecida por esses que se espantam com o que chamam de “governismo”. Hoje, somos o 12º país mais injusto.
A situação atual do Brasil é uma tragédia no que diz respeito à desigualdade. Mas para o país que, por seu estágio de desenvolvimento, era o mais desigual apesar de ser o terceiro na escala de Gini, melhoramos de forma quase inacreditável.
Vale explicar que ontem, como hoje, os países mais desiguais que o Brasil são todos países pobres, sem recursos, da África e América Latina, muito diferentes do nosso, rico, em franco desenvolvimento, o que torna sua situação única do mundo, pois não há país em nosso estágio de desenvolvimento que seja tão desigual, mesmo após a distribuição de renda da era Lula.
Durante a era FHC, quando houve alguma redução da pobreza, nunca dei bola para a exaltação que a imprensa fazia de suas políticas sociais tímidas e cosméticas – nas quais punha alguns trocados de dinheiro público – porque o principal não melhorava. A renda praticamente manteve a mesma concentração durante os oitos anos daquele governo de triste memória.
A chegada de Lula ao poder, porém, inaugurou uma era nova no Brasil: estamos distribuindo renda como nunca antes na história deste país.
A redução consistente da desigualdade durante os governos Lula e Dilma me autoriza a apoiar o projeto de país em curso porque atravessei a minha vida enxergando a mesma desigualdade como a raiz de tudo o que há de ruim no país.
Violência, criminalidade, ignorância, má condição da Educação, tudo isso é conseqüência da pobreza, sim, mas, acima de tudo, tem origem na desigualdade. Essa é a mola-mestra de todos os nossos conflitos e mazelas sociais e a âncora pesada que nos impede de deslanchar também pelos mares do desenvolvimento econômico e tecnológico.
Querem uma crítica consistente ao governo? Façam-nas. Há muitas.
Não sou muito dado a bater no governo porque já tem gente demais fazendo isso – a hiper-mega-blaster mídia tucana faz isso o tempo todo usando os argumentos de pseudo esquerdistas que se recusam a ver o processo distributivo de renda em curso no país enquanto acham que estão sendo muito corajosos ao se oporem ao que está dando certo.
Contudo, aí vai uma crítica: o governo não vai acabar com a pobreza extrema porque as famílias não ganharão um pouco abaixo de um padrão ridículo de renda, pois continuarão vulneráveis e a menor oscilação da economia as devolveria ao padrão anterior. Além do que, continuarão sem os elementos que poderiam fazê-las sair de fato da miséria – educação, saúde etc.
O governo, em vez de ficar nessa de que vai acabar com a miséria, poderia se concentrar mais no que importa, que é a distribuição de renda.
Seja como for, nunca redistribuímos renda no Brasil como agora. Durante a ditadura, o governo e a mídia diziam que era preciso primeiro fazer o bolo crescer para depois dividi-lo. A ditadura acabou e muitos dos que lutaram contra ela mantiveram esse discurso até hoje. Mesmo quando não assumem isso.
Quem prega redução de gastos do governo durante crises, por exemplo, está defendendo que os pobres paguem mais por elas, pois sem os investimentos estatais a economia não funciona em momentos de ojeriza do empresário ao risco e, assim, há demissões e achatamentos salariais. Isso é histórico. Todos os que têm mais de trinta e cinco ou quarenta anos sabem.
O que acontece é que para redistribuir renda no Brasil sem fazer uma revolução armada é preciso não esquecer que este ainda é um país capitalista. E para redistribuir alguma coisa, você tem que tirar de alguém para dar a alguém. É por isso que o projeto de país em andamento incomoda a tantos.
A despeito disso, o fato inegável por qualquer critério, e que a direita midiática e sua esquerda de estimação não enxergam, é que, nos dez anos de governos Lula e Dilma, os ricos ficaram menos ricos e os pobres, ficaram menos pobres. Ou seja: estes tiraram daqueles.
Só que isso foi feito de uma forma fantástica, genial, porque os ricos têm parte menor de um bolo maior. Ou seja: fizemos o bolo crescer e depois redistribuímos exatamente como queria a ditadura, mas fizemos de fato e não apenas no gogó. O processo ocorreu em poucos anos, ao longo da década passada. Ou seja: paramos de postergar essa estratégia ao infinito.
Não foi por outra razão que, na década passada, o acesso de pretos e pardos ao ensino universitário simplesmente triplicou no Brasil, ainda que não seja suficiente. E, enquanto isso, a Associação Internacional de Transporte Aéreo (IATA ) dá conta de que o Brasil é hoje o 2º no mundo em aumento no transporte de passageiros.
Abaixo, trecho de matéria sobre o assunto.
Em 2011, o Brasil havia superado o Japão e se transformado no terceiro maior mercado aéreo no mundo, superado apenas pela China e Estados Unidos. Até 2016, o Brasil deve adicionar 38 milhões de passageiros domésticos – quase 40% a mais do que em 2011. A projeção é de que o País acumulará 118,9 milhões de passageiros domésticos no ano dos Jogos Olímpicos do Rio”.
Quem sabe e sente tudo isso não dá a menor bola para o que diz o noticiário político porque sabe que a despeito da luta política a vida está melhorando, o país está se tornando mais justo e esse processo não parece dar mostras de estar se esgotando.
Há, sim, ainda uma minoria do contra que, em períodos de eleição presidencial, não é tão pequena quanto querem fazer crer as pesquisas fora desses períodos, mas que deixa ver que além de progressivamente insipiente votou contra o projeto de país em curso com o fígado ou por susto, tendendo, com o avanço da Educação – ainda tímido, mas real –, a ir deixando de ser massa-de-manobra de ricaços gritalhões.
Atingir esse êxito incrível no soerguimento social do Brasil, porém, não é de graça. Houve preços a pagar. O PT, para chegar ao poder, passou a buscar doações de verbas eleitorais – sem as quais ninguém se elege no Brasil – de forma bem parecida com a que usaram e ainda usam os seus adversários mais fortes.
Além disso, foi preciso fazer concessões à direita, aos ricos, aos que, até 2002, julgavam-se donos do país, dando a eles a chance de negociar como seria a distribuição de renda, em que ritmo ocorreria, de forma que passariam a ganhar mais no volume, mas não tanto no percentual, ainda que o que lhes foi dado seja muito mais do que deveria, sendo já tão ricos.
Seja como for, foi feita justiça social, houve redistribuição de renda e esse processo está só começando. Há dados concretos que mostram que valeu a pena fazer alianças com partidos e políticos de direita para operar o que até o início deste século parecia utopia. O que seja, fazer a renda se desconcentrar em um ritmo aceitável em um país até então absurdamente desigual.
O Estudo Síntese de Indicadores Sociais (SIS) 2012, divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em novembro do ano passado, detectou uma diminuição impressionante da desigualdade na década de 2000, medida por diversos indicadores e aspectos.
Abaixo, portanto, reproduzo o Estudo para que não reste dúvida sobre a razão pela qual este blog apoia com entusiasmo esse dito “projeto de país em curso” ao qual tanto me referi. A razão é muito simples: o Brasil está melhorando mais para os mais pobres do que para os mais ricos, como é preciso que seja no país virtualmente mais injusto do mundo.
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Fonte: IBGE
28/11/2012 16:00 – Portal Brasil
Acesso de jovens pretos e pardos à universidade triplicou na última década

A Síntese de Indicadores Sociais (SIS) 2012, divulgada nesta quarta-feira (28) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), detectou uma diminuição da desigualdade na década de 2000, medida por diversos indicadores e aspectos.
Verificou-se que o coeficiente de Gini (índice que mede a distribuição da renda) passou de 0,559, em 2004, para 0,508, em 2011. Quanto mais próximo de 1, maior a desigualdade. Entre 2001 e 2011, os 20% mais ricos da população diminuíram sua participação de 63,7% para 57,7%, enquanto os 20% mais pobres aumentaram, passando de 2,6% para 3,5% do total de rendimentos.
Em 2011, a renda familiar per capita dos 20% mais ricos foi 16,5 vezes maior que a dos 20% mais pobres, enquanto em 2001, 24 vezes maior. Apesar da evolução, a desigualdade persiste, pois os 20% mais ricos ainda detêm quase 60% da renda total.
Segundo o estudo, a expansão de programas de transferência de renda, como Bolsa Família, resultou em um aumento para famílias com baixos rendimentos. Para famílias com renda familiar per capita de até 1/4 de salário mínimo (6,7% das famílias) e entre 1/4 e meio salário mínimo (14,1% das famílias), fontes de renda como o Bolsa Família passam de 5,3% a 31,5% e de 3,1% a 11,5%, respectivamente, entre 2001 e 2011.
Houve também crescimento do rendimento médio do trabalho para esses grupos. Para o grupo de até 1/4 de salário mínimo, o rendimento médio de todos os trabalhos cresceu, em valores reais, de R$ 273 para R$ 285, no período, enquanto para os que estão na faixa entre 1/4 e meio salário mínimo, cresceu de R$ 461 para R$ 524.
Em relação à cor ou raça, no 1% mais rico, em 2001, pretos ou pardos representavam apenas 9,3%, percentual que passa a 16,3%, em 2011. É, ainda, uma participação distante do total de pretos ou pardos na população, um pouco acima de 50%.

sábado, 9 de março de 2013

Dilma porreta!



Tribuna Hoje
A cesta básica está livre de impostos federais. Foi o que anunciou a presidente Dilma em cadeia nacional de rádio e TV no dia 08 de março, Dia Internacional da Mulher. Esta medida que aumenta a qualidade de vida, principalmente dos mais pobres, soma-se à redução da taxa de luz, a redução dos juros a níveis civilizados e a destinação em 100% dos royalties do petróleo para a educação.
Agora junte tudo isso à política de valorização do salário mínimo – maior conquista dos trabalhadores brasileiros – existente no país há alguns anos e a nossa condição de pleno emprego. O Brasil, mesmo com inúmeras dificuldade e campanha dos agourentos de plantão, está um país mais justo para seu povo.
Também foram redefinidos os componentes que compõe a cesta básica. Agora fazem parte dela as carnes bovinas, suína, aves e peixes; o velho arroz com feijão, ovos, leite integral, café, açúcar, farinhas, pão, óleo, manteiga, frutas, legumes, sabonete, papel higiênico e pasta de dentes. E mais uma vez o PSDB esperneia afirmando que a ideia era dele. Já repararam quantas ideias teve o tucanato mas nunca pôs em prática. Logo, vão dizer que a ideia de criação do mundo foi deles, mas deixaram para deus fazer.
O que o PSDB fez foi onerar tudo que pôde, desde que fosse para os mais pobres. Aumentar o lucro especulativo no Brasil e vender patrimônio do povo a preço de banana. Pelo visto, Aécio – ou outro nome da oposição ou base “mui amiga” – não será presidente a partir de janeiro de 2015. depois desse anúncio qual será o factoide que eles vão inventar?
Ao anunciar a redução da tarifa de energia, o PSDB protocolou ação questionando a cor da roupa de Dilma usada no anúncio. “Vermelho é a cor do PT”, mas segundo estilistas, a cor usada por ela era “rosa chiclete”. Esse é o nível de nossa oposição. Mover ações contra cor de roupa.
Não causará estranheza se Míriam Leitão ou Sardemberg, inventaram gráficos e falas de economistas que ninguém sabe quem são afirmando que a redução é falsa por que outros fatores que envolvem o consumo dos produtos da cesta básica aumentarão de preço, como por exemplo o valor dos estacionamentos dos supermercados. Afinal, a frequência nesses estabelecimentos deve aumentar. Também não seria estranho que os “analistas” do Manhattan Connection da Globo News soltem suas pérolas.
“Essa desoneração é migalha. Aqui em Veneza não se come pão francês e sim, brioches”. Esse tipo de fala é a cara do Diogo Mainardi. Não se pode esquecer da “coisa feita em papel couché”, Veja. Alguém duvida que ela publique uma pesquisa feita não se sabe onde por sabe-se lá quem afirmando que essa medida causará surto de obesidade no país?
Com o nível da nossa autoproclamada “grande imprensa”, não. Veja lança capa afirmando que há na Venezuela uma “herança sombria” enquanto o povo não sai das ruas para velar Hugo Chávez. Talvez as trevas que se refere Veja seja o futuro da direita naquele país. Trevas que a direita brasileira parece se embrenhar. Seu último sopro é o (falso) moralismo e a “grande imprensa”, com um suspiro de Judiciário. Nessa toada Dilma segue aprofundando o projeto de desenvolvimento econômico com inclusão social iniciado em 2003 com Lula.
De quebra Dilma ainda mandou um recado para os covardes machistas que gostam de bater em mulher, física e moralmente. “"Faço um especial apelo e um alerta àqueles homens que, a despeito de tudo, ainda insistem em agredir suas mulheres. Se é por falta de amor e compaixão que vocês agem assim, peço que pensem no amor, no sacrifício e na dedicação que receberam de suas queridas mães. Mas se vocês agem assim por falta de respeito ou por falta de temor, não esqueçam jamais que a maior autoridade deste país é uma mulher, uma mulher que não tem medo de enfrentar os injustos nem a injustiça, estejam onde estiverem".
Por fim, reproduzindo o perfil “Dilma Bolada” das redes sociais: “Eita, presidenta porreta!”
Extraído do Blog do Cadú Amaral

sábado, 2 de março de 2013

Delegado da Deic afirma ter novas provas de desvio de peças na SSP e pede reabertura de inquérito


Promotora diz que decidirá em duas semanas sobre pedido policial.

Seis meses após ser arquivado, o inquérito que apurou desvio de peças do complexo administrativo da Secretaria de Segurança Pública (SSP) em São José, na Grande Florianópolis, poderá ser reaberto.

A Diretoria Estadual de Investigações Criminais (Deic) afirma ter novas provas que envolveriam divergências no número de veículos destinados à licitação da sucata e os informados pelos investigados em uma suposta fraude.
As suspeitas foram apuradas pelo delegado Luiz Carlos Goulart, da Divisão de Crimes Contra o Patrimônio Público da Deic, e informadas à Justiça no dia 19 de fevereiro.

A decisão de autorizar ou não a reabertura da investigação ainda não foi tomada pelo juiz Marcelo Pons Meirelles, da 2ª Vara Criminal de São José.

O magistrado enviou o pedido da polícia para avaliação da promotora da Moralidade Administrativa em São José, Márcia Arend.
A promotora disse nesta sexta-feira, por meio da assessoria de imprensa do Ministério Público, que está analisando as informações policiais e que precisará de pelo menos duas semanas para decidir a respeito.
As novas provas que o delegado da Deic afirma ter saíram num inquérito preliminar que tratava da divergência de informações repassadas pela comissão de leilões do Detran à polícia a respeito da licitação para dar fim à sucata e os veículos removidos dos pátios da SSP em Barreiros (São José) e em Biguaçu (Tijuquinhas).
No entendimento do delegado, houve peculato (quando o servidor público apropria-se de dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel em razão do cargo) em relação a 71 veículos apreendidos que foram parar na processo de trituração e comercialização sem que estivessem relacionados para essa finalidade.
O delegado, que não estava na Deic nesta sexta-feira à tarde e não foi encontrado para comentar o caso, enumerou pedidos oficiais de esclarecimentos sem sucesso que teria feito à comissão e também citou que houve venda de sucata com valor diferente ao que era previsto no processo.
Em 2011 e 2012, os delegados Rodrigo Green e Alexandre Carvalho, colegas de Luiz Carlos na Deic, indiciaram seis pessoas no inquérito do desvio de peças, entre elas o secretário-adjunto da SSP, coronel Fernando de Menezes, o então presidente da comissão de leilões, tenente-coronel José Theodósio de Souza Júnior, e empresários.

Todos negavam as irregularidades e os crimes apontados. O MP não encontrou provas na apuração e pediu o arquivamento, que foi acatado pela Justiça. Agora, assim que receber a nova posição do MP, o juiz poderá autorizar ou não a reabertura do inquérito.
Gerente exonerado relatou divergências
No pedido da Deic em reabrir o inquérito dos ferrosos, como ficou conhecida a investigação, constam cinco itens de divergências em informações do processo da sucata trazidas pelo então gerente do complexo administrativo da SSP, Jorge Kloppel.
O gerente foi exonerado do cargo no dia 5 de fevereiro deste ano pelo governador Raimundo Colombo - Juliano Zytkuewisz, que era supervisor de almoxarifado do complexo, foi nomeado em seu lugar.
Kloppel foi ouvido também em fevereiro pelo delegado Luiz Carlos, da Deic. A polícia queria esclarecer dúvidas sobre um relatório que Kloppel havia encaminhado em janeiro de divergências na relação de veículos destinados ao processo de trituração de sucata.
Uma delas é de que, dos 242 veículos prensados no complexo, 83 ainda estão inteiros. O delegado indaga então quais os veículos que haviam sido pesados no lugar destes e informados em dezembro de 2011.
Kloppel disse nesta sexta-feira ao DC que está em férias — é servidor do Instituto Geral de Perícias — e, por enquanto, não quer se manifestar.

No auge da apuração do desvio de peças, o então gerente causou polêmica ao declarar que havia alertado a cúpula da Segurança Pública sobre supostos desvios de peças e motores que diz terem ocorrido no complexo.
O DC fez contato sexta-feira à tarde com a SSP para ouvir as autoridades sobre a nova ação da Deic. A assessoria de imprensa informou que daria retorno, o que não aconteceu até o fechamento desta edição.
Os novos fatos revelados pela DeicDivergências entre número de veículos prensados no complexo administrativo da SSP e os informados à polícia pela comissão de leilão do Detran.

Não repasse à polícia de informação da quantidade de veículos prensados no pátio de Biguaçu;
71 veículos vendidos a R$ 0,12 e não a R$ 0,19 como previamente classificados e avaliados, que não eram objeto de preparação, descontaminação, desmontagem e trituração, conforme previa o processo, que teriam sido subtraídos ou desviados em proveito alheio, sob a vigilância da comissão de leilão;
14 veículos não relacionados no processo de licitação que constam como prensados e definidos como sucata (carcaças).
Fonte: DeicENTENDA O CASO:
AGOSTO DE 2011
A SSP lança leilão de material ferroso para esvaziar os pátios que estavam abarrotados de veículos, peças usadas e motores.
NOVEMBRO DE 2011
A Gerdau ganhou a licitação e assinou o contrato com a SSP. A meta era recolher 10 mil toneladas de ferro e arrecadar cerca de R$ 1,7 milhão.
DEZEMBRO DE 2011
Após denúncia, a Deic rastreia uma carreta que sai do complexo da SSP. Os policiais esperam o descarregamento num ferro-velho em Joinville e depois apreendem peças e motores. Em nota, a SSP reconhece a colocação de algumas peças inadvertidamente nas carretas.
ABRIL DE 2011
O então diretor da Deic, delegado Claudio Monteiro, é exonerado do comando. A SSP afirma que o motivo e o desvio de diárias. O policial nega. Delegados dizem que a saída seria por causa do inquérito do ferro-velho.
O secretário da SSP, César Grubba, destitui do cargo os cinco integrantes da comissão de leilões do Detran por irregularidades.
MAIO DE 2012
A Deic indicia seis pessoas por crimes relacionados ao suposto desvio das peças, entre elas o número 2 da SSP, coronel Fernando de Menezes, que nega ilicitudes.
JULHO DE 2012
O delegado da Deic, Alexandre Carvalho, que comandou a investigação do ferro-velho, é afastado da diretoria. O diretor, Akira Sato, afirma que o motivo é administrativo. Delegados dizem que a saída seria represália ao inquérito do ferro-velho.
AGOSTO DE 2012
No dia 3, a promotora Marcia Arend anuncia o pedido de arquivamento do inquérito.
O Juiz Marcelo Pons Meirelles, da 2ª Vara Criminal de São José, acatou no dia 21 o pedido do MP e determinou o arquivamento do inquérito.
FEVEREIRO DE 2013
O delegado da Deic, Luiz Carlos Goulart, pede à Justiça a reabertura do inquérito, a partir de novas provas que afirma ter.

Fonte:  http://diariocatarinense.clicrbs.com.br/sc/policia/noticia/2013/03/delegado-da-deic-afirma-ter-novas-provas-de-desvio-de-pecas-na-ssp-e-pede-reabertura-de-inquerito-4061032.html

sexta-feira, 1 de março de 2013

A política de cotas ganhou mais uma


ELIO GASPARI
A diferença entre a nota do cotista favorecido e a do candidato que perde a vaga é menor do que se supunha
NA ESSÊNCIA da política de cotas há um aspecto que exaspera seus adversários: um estudante que vai para o vestibular sem qualquer incentivo de ações afirmativas tira uma nota maior que o cotista e perde a vaga na universidade pública. Quem combate esse conceito em termos absolutos é contra a existência das cotas, cuja legalidade foi atestada pela unanimidade do Supremo Tribunal Federal e aprovada pelo Congresso Nacional (com um só discurso contra, no Senado). É direito de cada um ficar na sua posição, minoritária também nas pesquisas de opinião.
Uma coisa é defender as cotas quando a distância é pequena, bem outra seria admitir que um estudante que faz 700 pontos na prova deve perder a vaga para outro que conseguiu apenas 400. O que é diferença pequena? Sabe-se lá, mas 300 pontos seria um absurdo.
Os adversários das cotas previam o fim do mundo se elas entrassem em vigor. Os cotistas não acompanhariam os cursos, degradariam os currículos e fugiriam das universidades. Puro catastrofismo teórico. Passaram-se dez anos, e Ícaro Luís Vidal, o primeiro cotista negro da Faculdade de Medicina da Federal da Bahia, formou-se no ano passado e nada disso aconteceu. Havia ainda também as almas apocalípticas: as cotas estimulariam o ódio racial. Esse estava só na cabeça de alguns críticos, herdeiros de um pensamento que, no século 19, temia o caos social como consequência da Abolição.
Mesmo assim, restava a distância entre o beneficiado e o barrado. O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais divulgou uma pesquisa que foi buscar esses números no banco de dados do Sistema de Seleção Unificada (Sisu). Neste ano, as cotas beneficiaram 36 mil estudantes. Pode-se estimar que em 95% dos casos a distância entre a pior nota do cotista admitido e a maior nota do barrado está em torno de 100 pontos. Em 32 cursos de medicina (repetindo, medicina) a distância foi de 25,9 pontos (787,56 contra 761,67 dos cotistas).
O Inep listou as vinte faculdades onde ocorreram as maiores distancias. Num caso extremo deu-se uma variação de 272 pontos e beneficiou uns poucos cotistas indígenas no curso de história da Federal do Maranhão. O segundo colocado foi o curso de engenharia elétrica da Federal do Paraná, com 181 pontos de diferença. A distância diminui, até que, no 20º caso, do curso de ciências agrícolas de Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Federal do Rio Grande do Sul, ela ficou em 128 pontos.
Pesquisas futuras explicarão como funcionava esse gargalo, pois se a distância girava em torno de 100 pontos, os candidatos negros e pobres chegavam à pequena área, mas não conseguiam marcar o gol. É possível que a simples discussão das ações afirmativas tenha elevado a autoestima de jovens que não entravam no jogo porque achavam que universidade pública não era coisa para eles. Neste ano, 864.830 candidatos (44,35%) buscaram o amparo das cotas.
A política de cotas ocupou 12,5% das vagas. Num chute, pode-se supor que estejam em torno de mil os cotistas que conseguiram entrar para a universidade com mais de cem pontos abaixo do barrado, o que vem a ser um resultado surpreendente e razoável. O fim do mundo era coisa para inglês ver.